Mot and Ryrej
Diário e desenhos loucos
Sexta-feira, 5 de setembro de 2025, 15h33min.
Enquanto escrevo, toca “Hey”, dos Pixies. Música que me joga direto para o começo dos anos 90. Boas lembranças dos meus 25 anos — principalmente de Porto Alegre e Paris. Uma época em que, para mim, o mundo ainda parecia inteiro por desbravar.
Nesta semana resolvi escrever um diário, como exercício de escrita. Publico aqui o primeiro:
Segunda-feira, 1º de setembro de 2025
Tive insônia. É raro comigo, mas odeio quando acontece. Dormi da meia-noite às quatro da manhã e depois não teve jeito. Levantei, preparei um café forte e aproveitei para pagar uns boletos — afinal, dia 1º é o Dia D das contas.
Antes de sair para levar os filhos à escola, pinguei umas gotas de Rivotril e, depois do corre, apaguei por duas horas. O suficiente para repor as energias e desamassar a cara de náufrago.
Levantei, tomei mais um café, pão integral com manteiga de amendoim misturada com geleia e, de sobremesa, iogurte natural com frutas vermelhas.
Entrei no estúdio, liguei o computador e fui pescar ideias em um pocket da L&PM de filosofia. De cara, achei uma frase que podia render uma tira da série La vie en rose.
E assim nasceu: “Conhece-te a ti mesmo e arrepende-te amargamente.”
Volta para hoje, 5 de setembro de 2025, 15h50min.
O resto do dia foi dividido entre organizar uma coletânea das minhas tiras da Folha de São Paulo e mergulhar com tudo (acrílica, lápis de cor, caneta Bic) num papel reciclado belga que já tinha uma pintura por baixo. Dizem que existem especialistas capazes de descobrir pinturas escondidas — e escondidas das escondidas — com uma luz tipo raio X. Pois bem, aí está o desenho — e só posto porque me agrada.
Deu para decifrar a dupla de personagens aí escondida?
Hora de passar o chapéu
Sua assinatura mensal é fundamental para que eu possa seguir com o Correio Elegante — que hoje é minha principal fonte de renda fixa.
Você vai receber por e-mail dois conteúdos por dia: um inédito até o meio-dia e outro a partir das 18h (as tiras publicadas no jornal O Globo, com um ano de defasagem).
Além disso, tem recompensas especiais e sorteio mensal de originais.
Ah, na hora da assinatura você ganha uma versão em PDF destes quatro livros:
Clique aqui para assinar.
Amsterdã é uma festa
Feliz que meu novo livro só tá recebendo 5 estrelas.
A seguir, um trechinho do livro:
CARTAS A THÉO
Ao entrar na primeira sala do museu, Adaô recebe um choque de adrenalina. Até aquele momento ele só tinha visto aquelas obras em livros mal impressos ou com fotos em preto e branco. Agora elas estão ali bem na sua frente, em carne e osso. Ou melhor, em tela e óleo.
O aspirante a beatnik quer passear entre os campos de girassóis e tulipas, cruzar o vale com o labrador, visitar o quarto do Vincent em Arles, bater um papinho com o Dr. Gachet. E, para fechar com chave de ouro, deitar nos campos de trigo e observar hipnotizado a noite estrelada sobre o Ródano.
Na sala seguinte do museu, Adaô se depara com “Os Comedores de Batatas”, um quadro muito conhecido do pintor. Emocionado, nosso herói entra em transe e, aos poucos, se aproxima da tela. Um passo à frente, dois, três. Agora ele está tão perto que poderia tocar nas batatas. Essa pintura é uma das suas preferidas por causa dos traços exagerados e caricatos dos personagens. Poderia ser um cartum, pensa ele. E ao vivo, o impacto é mil vezes mais forte. Aqueles camponeses parecem ter vida. Respiram, se movem e até conversam entre si. Adaô fica confuso, não sabe se isso é real ou é o efeito da terebentina, solvente que Vincent aspirava para ficar doidão.
Um grito de “stop” é ouvido quando Adaô dá mais um passo à frente. O segurança faz um sinal dizendo para ele se afastar e ficar atrás da linha amarela marcada no piso.
Onde comprar
A edição é totalmente independente e está disponível no Brasil, aqui.
Para quem mora fora, a Amazon disponibilizou em marketplaces de todo o mundo, é só escolher o mais próximo da sua morada. Aqui.
Tem também a versão Kindle. Aqui.
Paris por um triz — 30%off
Descontão no meu livro de estréia no mundo da prosa. Aqui.
ObrigAdão e bom finde.





